Imagem: Marina Braga |
As mediadoras da vez foram Giovanna Cartapatti e Marina Braga, que decidiram começar com o texto retirado do blog “Escreva, Lola, escreva”, de Lola Aronovich, cujo conteúdo relata a história de uma moça que foi estuprada pelo pai, porém decide perdoá-lo. Ainda nesse texto, Lola Aronovich dá sua opinião sobre o feminismo que deve acolher vários tipos de ideias, isso é, dentro do mesmo feminismo deve haver espaço para outras filosofias e que, ainda, a exclusão por parte de quem não concorda com o acolhimento e o perdão (como é o caso citado no texto) não é uma regra do feminismo, por mais que seja praticado.
Seguindo essa linha de raciocínio, as mediadoras lançaram a questão do “feminismo que exclui”. A ideia, segundo Giovanna e Marina, surgiu do projeto/coletivo Passa Palavra, que explicita essa tendência político-ideológica, cujo o enfrentamento do machismo é feito por coletivos e grupos exclusivamente compostos por mulheres sob o pretexto de que em coletivos mistos as mulheres não encontrariam solidariedade dos companheiros para o enfrentamento das questões, por exemplo. A auto-formação seria necessária, portanto, para que a exclusividade da mulher no espaço criado, servir de conforto para ela construir uma cultura do direito à autodefesa física e psicológica.
Mas, então, um movimento de minorias deve acatar x opressxr ou, justamente, por se tratar da parte oprimida da sociedade, um coletivo deve se isolar dx opressxr, afim de esperar o mínimo de empatia entendendo que, apoiar espaços exclusivos, é apoiar o fortalecimento político dx oprimidx!?
Esse foi o ponto mais polêmico do debate, que rendeu muitas falas e deixou as mediadoras quase sem voz. Muitos exemplos surgiram como a questão do feminismo exclusivamente negro, que rebate a falta de consideração para com a mulher negra (e pobre), que ainda permanece nos velhos lugares marcados de um passado escravocrata: o do trabalho doméstico e o da objetificação sexual.
Passando para um outro ponto da discussão, mas que pode tanger a ideologia do feminismo exclusivo para mulheres, as mediadoras jogaram na roda o conceito de misandria.
A misandra diz respeito ao ódio, ao desprezo ao sexo masculino, uma ideia que vai além da inversão do que a mulher vive na sociedade machista. Há muitxs, que não consideram uma pessoa misândrica como feminista. Já que o feminismo parte do princípio de igualdade de gênero, esteriotipar o homem como sendo inútil, incapaz ou como alguém que merece ser castrado, de fato, não deve ser considerada uma atitude feminista.
As mediadoras da reunião: Giovanna Cartapatti e Marina Braga (Imagem: Tatiana Luz) |
Um outro tópico abordado na reunião diz respeito ao Femen e sua falta de profundidade. Partindo do texto das Blogueiras Feministas, “Carta ao Femen BR”, as meninas questionaram a o processo de seleção que existe para alguém que queira fazer parte do coletivo. Reunindo moças brancas, loiras e magras, o Femen consegue saciar a sede da mídia utilizando como atíficio a nudez dessas meninas que se encaixam no padrão de beleza imposto pela sociedade. Contudo, qual é a imagem que esse grupo deixa para os “leigos do feminismo”? Soma-se ao fato de que a imprensa, de modo geral, não trata do tema com devido cuidado (na grande maioria das vezes, sob a ótica de “manifesto que atrapalhou o trânsito”), então temos um resultado dramático: um movimento que não mostra suas verdadeiras facetas, mas que ganha visibilidade e ainda é exposto de maneira apática.
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