Imagem: evento ThinkStock/Arte: Giovanna Cartapatti
|
Xs mediadorxs: Dante Felgueiras e Tatiana Luz. (Imagem: Marina Braga) |
Daniel Welzer-Lang coloca que as relações homens/mulheres e homens/homens, relações sociais de sexo, são produto de um duplo paradigma naturalista:
- A pseudo natureza superior dos homens, que remete à dominação masculina, ao sexismo e às fronteiras rígidas e intransponíveis entre os gêneros masculino e feminino;
- A visão heterossexuada do mundo na qual a sexualidade considerada como "normal" e "natural" está limitada às relações sexuais entre homens e mulheres. As outras sexualidades, homossexualidades, bissexualidades, sexualidades transexuais...São, no máximo, definidas, ou melhor, admitidas, como "diferentes".
A partir disso, xs mediadorxs iniciaram a conversa com o grupo, colocando em pauta que todo o preconceito do homem com os ‘não heteros’ nasce da crença de que a mulher é um ser inferior, assim, toda e qualquer atitude de um homem que o assemelhe a uma mulher o rebaixa ao patamar de submisso, repudiável. Welzer-Lang propõe que se defina homofobia como a discriminação contra as pessoas que mostram, ou a quem se atribui, algumas qualidades (ou defeitos) atribuídos ao outro gênero. A homofobia engessa as fronteiras do gênero.
Um conceito criado por Daniel e trazido para a reunião foi o de casa-dos-homens. “É a entrada na chamada casa-dos-homens, que compreende o conjunto das instituições que formam o masculino.” Ao deixar o mundo das mulheres (ir ao banheiro feminino com a mãe, por exemplo), o menino passa a se reagrupar com outros da mesma idade, passando por uma fase de homossociabilidade. A partir daí, ele começa a ingressar nos ambientes onde nada remete ao universo feminino, uma espécie de “clube do bolinha”, para ficar mais claro. Estádios de futebol, pátio do colégio, bares, prisões, entre muitos outros ambientes. Nesses locais, o garoto aprende os saberes do sexo (competições de pênis, masturbação em grupo, pornografia assistida em grupo...), e a se comportar como homem. O universo simbólico da construção do gênero masculino se dá por meio de mimetismo: “Ele deve aceitar a lei dos maiores, dos antigos: daqueles que lhe ensinam as regras e o savoir-faire, o saber ser homem”. Assim, o menino passa por uma série de ritos de passagem na casa-dos-homens, para ingressar nesse universo marcadamente não feminino. Um exemplo é o aprendizado do sofrimento calado. A criança deve ser viril, não chorar, apertar forte a mão de outro homem ao cumprimentar, não dar beijo no rosto de pessoas do mesmo sexo, aguentar qualquer tipo de dor. Ele mimetiza a violência para com o outro e contra si mesmo, pois deve engolir qualquer tipo de “expressão feminina da dor”.
Imagem: Marina Braga |
Entre teorias e anedotas se fez a reunião sobre como o machismo afeta os homens. Saímos com mais dúvidas do que entramos, missão cumprida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário