quarta-feira, 30 de abril de 2014

Repressão da sexualidade da mulher

            
Arte por Camila Araújo / Crédito da foto: Linda Ingraham


            Em virtude do feriado do Dia do Trabalho, a reunião sobre a repressão da sexualidade da mulher foi feita hoje (quarta-feira) e contou com a mediação de Tamiris Medeiros e Ana Julia Gennari.
Tamiris iniciou com a questão das fotos de mulheres nuas que caem na net. Então o debate começou e todxs concordaram que não há problema em uma mulher mandar fotos expondo seu corpo, mas, sim, em quando essa foto vaza sem que haja permissão. E, é claro, que sempre é a mulher que fica mal-falada. O caso da Fran foi lembrado como exemplo: “caso da Fran”. Da Fran? E o machista que traiu a confiança dela? Nem lembramos o nome, né…
Alguns casos foram contados para quem estava na roda. Dois deles, por exemplo, diziam respeito à meninas que foram expulsas da escola em que estudavam por mandarem fotos nuas para seus respectivos namorados. Porque só elas foram expulsas? Aliás…porque elas foram, de fato, expulsas? E os caras que espalharam essas fotos?
Tamiris e Ana Julia relevam o
fato da mulher ser oprimida, porém
objetificadas também. (Foto: Marina
Braga)
Sobre a falta de sororidade entre mulheres, concordamos que ser mulher é sofrer violências (física e simbólica) constantemente. A repressão também está presente quando alguém fala para a mulher como ela deve se vestir. Sair com uma saia ou com um decote já é motivo para que, mulheres inclusive, digam que “ela só quer chamar a atenção dos homens” ou “essa aí tá querendo”. No caso dos homens que se deparam com uma mulher que se veste do jeito que quer, o pensamento culmina no assédio nas ruas.
O incrível é que, sempre que esse tópico é colocado na roda, TODAS as mulheres presentes tem histórias para contar. Dessa vez, não foi diferente. Muitos casos dessa violência simbólica foram desabafados. Na balada, nas ruas, em churrascos e até nas aulas de Muay Thai (já que, homem nenhum pode apanhar de mulher, né?). Acabamos concordando também que a mulher é ensinada a não responder, a ficar quieta quando é agredida ou reprimida (principalmente quando leva cantada na rua). É preciso ter medo da reação à resposta, vai que o cara tem uma faca. E….além do mais: mulher que responde é mal-educada. Mulher que reage é mulher-macho. Que feio.
Achamos, então, um caminho para concluir que a sexualidade da mulher é reprimida desde que ela nasce, ou seja, é uma construção. O maior exemplo disso é quando meninas, ao usarem vestidos, são constantemente repreendidas por suas mães (no geral), que dizem para elas fecharem as pernas, por serem “mocinhas.”
Véspera de feriado (e JUCA, diga-se de passagem) não foi
forte o bastante para vencer a reunião! (Foto: Marina
Braga)
A menstruação, a masturbação, os palavrões e a pornografia são tópicos importantes, que foram lembrados pela Ana Julia, quando falamos de repressão da sexualidade da mulher, já que são considerados tabus para/por elas. Enquanto o homem é estimulado a exercer sua sexualidade (pelo simples fato de nascer com um pênis), um abismo é criado entre a mulher e o próprio corpo dela, por isso, ela acaba não se conhecendo. Fica o paradoxo: mulheres não são sexuais, mas sexualizadas. A indústria pornográfica ilustra bem essa faceta da repressão, principalmente em vídeos de pornô lésbico (as unhas -postiças ou não- mega longas são o melhor ~pior~ exemplo disso). Todos os fetiches colocados em prática são voltados para o prazer do homem.

Com o tempo da reunião se esgotando, os casos de assédio sexual nas ruas foram retomados e mais desabafos foram feitos até que o sinal batesse.



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