Arte por Camila Araújo / Crédito da foto: Linda Ingraham |
Em virtude do feriado do Dia do Trabalho, a reunião sobre a repressão da sexualidade da mulher foi feita hoje (quarta-feira) e contou com a mediação de Tamiris Medeiros e Ana Julia Gennari.
Tamiris iniciou com a questão das fotos de
mulheres nuas que caem na net. Então o debate começou e todxs concordaram que
não há problema em uma mulher mandar fotos expondo seu corpo, mas, sim, em
quando essa foto vaza sem que haja permissão. E, é claro, que sempre é a mulher
que fica mal-falada. O caso da Fran foi lembrado como exemplo: “caso da Fran”.
Da Fran? E o machista que traiu a confiança dela? Nem lembramos o nome, né…
Alguns casos foram contados para quem estava na
roda. Dois deles, por exemplo, diziam respeito à meninas que foram expulsas da
escola em que estudavam por mandarem fotos nuas para seus respectivos
namorados. Porque só elas foram expulsas? Aliás…porque elas foram, de fato,
expulsas? E os caras que espalharam essas fotos?
Tamiris e Ana Julia relevam o fato da mulher ser oprimida, porém objetificadas também. (Foto: Marina Braga) |
Sobre a falta de sororidade entre mulheres,
concordamos que ser mulher é sofrer violências (física e simbólica)
constantemente. A repressão também está presente quando alguém fala para a
mulher como ela deve se vestir. Sair com uma saia ou com um decote já é motivo
para que, mulheres inclusive, digam que “ela só quer chamar a atenção dos
homens” ou “essa aí tá querendo”. No caso dos homens que se deparam com uma
mulher que se veste do jeito que quer, o pensamento culmina no assédio nas
ruas.
O incrível é que, sempre que esse tópico é
colocado na roda, TODAS as mulheres presentes tem histórias para contar. Dessa
vez, não foi diferente. Muitos casos dessa violência simbólica foram
desabafados. Na balada, nas ruas, em churrascos e até nas aulas de Muay Thai
(já que, homem nenhum pode apanhar de mulher, né?). Acabamos concordando também
que a mulher é ensinada a não responder, a ficar quieta quando é agredida ou
reprimida (principalmente quando leva cantada na rua). É preciso ter medo da
reação à resposta, vai que o cara tem uma faca. E….além do mais: mulher que
responde é mal-educada. Mulher que reage é mulher-macho. Que feio.
Achamos, então, um caminho para concluir que a
sexualidade da mulher é reprimida desde que ela nasce, ou seja, é uma
construção. O maior exemplo disso é quando meninas, ao usarem vestidos, são
constantemente repreendidas por suas mães (no geral), que dizem para elas
fecharem as pernas, por serem “mocinhas.”
Véspera de feriado (e JUCA, diga-se de passagem) não foi forte o bastante para vencer a reunião! (Foto: Marina Braga) |
A menstruação, a masturbação, os palavrões e a
pornografia são tópicos importantes, que foram lembrados pela Ana Julia, quando falamos de
repressão da sexualidade da mulher, já que são considerados tabus para/por
elas. Enquanto o homem é estimulado a exercer sua sexualidade (pelo simples
fato de nascer com um pênis), um abismo é criado entre a mulher e o próprio
corpo dela, por isso, ela acaba não se conhecendo. Fica o paradoxo: mulheres
não são sexuais, mas sexualizadas. A indústria pornográfica ilustra bem essa
faceta da repressão, principalmente em vídeos de pornô lésbico (as unhas
-postiças ou não- mega longas são o melhor ~pior~ exemplo disso). Todos os
fetiches colocados em prática são voltados para o prazer do homem.
Com o tempo da reunião se esgotando, os casos
de assédio sexual nas ruas foram retomados e mais desabafos foram feitos até
que o sinal batesse.
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