sexta-feira, 24 de abril de 2015

Femicídio e Feminicídio

   
Arte: Camila Araujo 
     
Na última quinta feira, 23/05, a Frente Feminista Casperiana Lisandra reuniu-se no CAVH para discutir questões relacionadas ao femicídio e feminicídio. As mediadoras da reunião foram Catherine Debelak e Letícia Dias, alunas do 4º ano de Jornalismo, e Marina Garcia, aluna do 4º ano de RTV. Elas estão pesquisando e escrevendo um TCC com o tema “Femicídio no Brasil: a cultura de matar mulheres”.

Como base para a discussão, foram utilizados os textos “Feminicídio não é previlégio”, do site Lugar de Mulher; “Feminicídio: como coibir a mais extrema violência contra as mulheres”, publicação da campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha; “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil”, publicado no site do Ipea.

A reunião começou com as seguintes perguntas: “Vocês sabem o que é femicídio? E feminicídio?”. Após várias opiniões, definiram-se as expressões. Femicídio foi um termo criado por Diana Russell e diz respeito ao ato de um homem matar uma mulher em razão do seu sexo, ou seja, quando um homem assassina uma mulher simplesmente por ela ser mulher. Já feminicídio, palavra criada pela mexicana Marcela Lagarde, refere-se às estruturas sociais, judiciárias e políticas que fazem com que esse homem não seja punido pelo crime.

A discussão seguiu focada na realidade do Brasil, que é 7º país que mais mata mulheres no mundo e onde a cada hora e meia uma mulher é morta como vítima de femicídio. Para analisar o femicídio em nosso país é preciso fazer um recorte de idade, raça, classe e estado geográfico. Os estados onde existem mais vítimas de femicídio estão nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, mais da metade das mulheres mortas tem entre 20 e 30 anos de idade.

Falou-se, então, sobre a lei que tipifica o feminicídio como crime no Brasil, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 9 de Março. A lei brasileira considera femicídio três casos: quando o homem violentou sexualmente ou mutilou a mulher antes ou depois de assassiná-la e quando a vítima possuía relações afetivas com o assassino. A importância da lei foi ressaltada pelo seu impacto social e político na sociedade, pois coloca o problema do feminicídio em evidência e o termo passa a fazer parte do vocabulário das pessoas. Questionou-se sobre a lei ser ou não um privilégio e todos concluíram que não é privilegio pertencer a um grupo de pessoas que é assassinado por conta do seu sexo.

Foi levantado também como os femicídios são noticiados pela mídia. Geralmente, são retratados de duas formas: descaso ou sensacionalismo. Muitas vezes, o crime é exposto como passional e o assassino é humanizado. Como se a mídia tentasse justificar e amenizar o assassinato cometido.

Por fim, as mediadoras falaram sobre o objetivo do TCC que estão desenvolvendo. Segundo elas, a ideia é denunciar a realidade do país e produzir material em português, já que a maioria da bibliografia existente está em inglês. As alunas falaram também sobre a responsabilidade que possuem como comunicadoras sociais de colocar o assunto em pauta.

(Claudia Ratti)