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A foto ficou pequena para tanta gente que se espremeu em uma "roda" para a primeira reunião de 2014!
(Imagem: Marina Braga) |
A grande surpresa na primeira reunião de 2014
para a Lisandra foi o número de pessoas presentes em frente ao CAVH para
debater sobre o trote e práticas machistas, em geral, nas universidades.
60 estudantes da Cásper, calourxs em sua
maioria, apertaram-se em uma roda que agora mal cabia no espaço, mas que antes era mais que suficiente. Mesmo assim, o debate rendeu e era possível ver a
vontade de cada umx de estar ali, conversando, trocando opiniões, discutindo da
maneira mais saudável.
A discussão começou com a polêmica que o trote
de 2014 na Cásper gerou e muitas das pessoas presentes concordaram que a
violência no evento foi desnecessária. O conceito de que os trotes na Cásper
não costumam ser violentos é errôneo, já que não é preciso que haja agressão
física, o constrangimento moral é
peça-chave para a perpetuação machismo, tanto no âmbito universitário, quanto
nas relações sociais em geral.
Acerca da simulação de sexo oral que calouras e
calouros (em menor quantidade) foram submetidxs, o concenso geral da reunião
foi de que não é fácil dizer que "só fez quem quis". A falta de força para dizer NÃO vem do
fato de que a sociedade reprime cotidianamente mulheres e homossexuais, ou
seja, o privilégio dxs veteranxs intimida e remete à opressão que essas pessoas
sofrem.
Aliás,
é por isso que a polêmica também abrange o fato de que (principalmente após a
divulgação das fotos pela mídia) uma menina ter sido submetida a essa situação,
dá margem para QUALQUER mulher ou homossexual se sentirem ofendidxs -
independentemente de quem chupou o pepino, tenha se ofendido ou não.
Outra crítica veemente feita durante a reunião
foi em relação à linha de pensamento “fizeram comigo ano passado também”.
Estudantes de comunicação devem repensar a importância do papel que têm na
sociedade. Estamos na Cásper Líbero estudando justamente para aprendermos a
questionar e a não repetir certos
atos com justificativas e ideias prontas.
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Resultado de um domingo no parque: oficina de
camisetas da Lisandra para fiscalizar machismos no trote
da Cásper. (Imagem: Marina Braga) |
Em relação às roupas cortadas, apesar da
campanha da Lisandra para que veteranxs perguntassem antes para xs calourxs, se
podiam usar a tesoura e qual era o limite, foi notável o desrespeito para com a
galera que acabou de entrar na Faculdade. Muitxs na reunião se perguntaram como
essas pessoas voltaram para casa, já que algumas estavam seminuas, totalmente
expostas. No caso das mulheres, sutiãs e calcinhas estavam parcial ou
totalmente expostos. Ainda houve o caso de uma garota que teve suas mãos e
pernas cortadas por “acidente”.
Trouxeram para o debate a questão que também
foi discutida em redes sociais: muitas mulheres reproduziram comportamentos
machistas durante o trote, pois elas também fizeram calourxs simularem sexo
oral. Mas…fica a indagação: existe mulher machista?
Poderíamos mudar os termos e pensar sobre o
racismo que vem de negros ou a homofobia que vem de homossexuais. A resposta é
a mesma (que ajuda a perpetuar e até legitimar os preconceitos): é a tomada
para si de uma mentalidade dx opressorx. Talvez por haver vantagens (na vida
social, na vida familiar, no trabalho etc), a questão é que: não é possível uma
única pessoa exercer os dois papéis, de oprimidx E opressorx. Uma mulher
(oprimida) machista (opressora). Um negro (oprimido) racista (opressor). Uma
lésbica (oprimida) homofóbica (opressora). E por aí vai.
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Não existe mulher machista!
(Imagem: página no Facebook "Moça,
você é machista") |
Mulheres machistas não querem ser incomodadas
com esse papo-aranha de que o mundo precisa mudar. Tá tudo bem do jeito que tá.
Pra que ser uma feminista-gorda-feia-histérica-lésbica-peluda-que-odeia-homem-mas-(misteriosamente)-quer-ser-homem!?
Nasci assim, não preciso sair do meu lugar, não é mesmo?
Bem…voltamos à questão de estarmos em uma
Faculdade de comunicação, na qual aprender a questionar toda e qualquer mentalidade
é o ideal. Seria o ideal. Porque a falta de comunicação (ou da vontade de se comunicar) é visível. Em meio a grande repercussão da notícia sobre o adolescente que foi amarrado à um poste no Rio de Janeiro (fato que ocorreu na semana anterior ao trote), veteranxs de Publicidade e Propaganda também amarraram um calouro à um poste. A alegação foi de que "não sabiam do ocorrido". Futurxs comunicadores que não se atentam aos fatos cotidianos: qualquer pessoa que visse a cena faria imediatamente a associação.
E por falarmos em “ideal”, o que restou foi a
pergunta: "qual seria o 'trote ideal’?”. Uma fala muito importante foi feita
logo no finzinho sobre o desperdício de comida que sempre rola nesse ritual de
passagem. Disseram que no trote da manhã, mendigos se uniram à “nossa diversão”
para aproveitar o resto dos peixes que haviam na porta da Paulista, 900.
Seria realmente muito bom que a reflexão não
parasse por aqui e que o amor pela Cásper fizesse crescer mais humanidade dentro
dxs respectivxs casperianxs. Em 2015, a Lisandra estará presente e espera que
atitudes como as que debatemos, não voltem a acontecer.
Aqui, alguns (muitos) portais que divulgaram o ocorrido:
…e a nota oficial da Faculdade Cásper Líbero: