quinta-feira, 27 de março de 2014

Assédio no espaço público

Imagem retirada de: http://nadafragil.com.br/mulheres-e-o-assedio-nas-ruas/ - Arte:Camila Araújo
Na reunião de hoje, o assunto da Frente Feminista Casperiana Lisandra foi assédio em ambientes públicos. As mediadoras foram Marina Cipolla e Natália Freitas. A discussão começou abordando os recentes casos do metrô e a pesquisa mais antiga, mas super importante, do blog Think Olga
Praticamente todas as mulheres já sofreram assédio e dentre as participantes do encontro não é diferente: quando questionadas a respeito do assunto, quase todas se manifestaram afirmando já terem passado por esse tipo de situação. Trata-se de uma invasão à privacidade de uma moça, além de ser uma ação que poda sua liberdade de ir e vir quando e da maneira que quiser. Afinal, muitas pensam duas vezes em quais roupas usarão quando sabem que precisarão voltar sozinhas e muito tarde para casa, por exemplo.
As mediadoras Natália Freitas e Marina Cipolla
(Foto: Marina Braga)
Coincidentemente, a reunião ocorreu no mesmo dia em que, horas antes, havia sido divulgada a pesquisa do Ipea cujas conclusões apontavam 65% da população afirmando que quando a mulher usa roupas que apareçam o corpo, ela merece ser atacada. O estudo foi debatido e o resultado, rejeitado pelxs presentes. Como a vestimenta da mulher pode determinar que ela mereça algo tão cruel quanto um estupro, um ataque ou um mero fiu-fiu? É doentio por parte da sociedade amenizar a culpa de um criminoso. Quem torna a vida da mulher insegura são essas pessoas, não a liberdade da mulher de se vestir como quiser. Logo depois, os casos mais recentes ocorridos no metrô foram comentados. Como se não bastasse as mulheres terem que usar um transporte público em condições desumanas, elas ainda são submetidas à desagradável e constante ação de encoxadores. Não é um comportamento novo, porém ele parece ter se intensificado ultimamente, depois da criação de páginas em redes sociais que o incentivam.
Visando solucionar o problema, há algum tempo cidades como Brasília e Rio de Janeiro adotaram o vagão rosa, específico para o uso de mulheres. No entanto, eles não são uma medida que visa reeducar a população. Por fim, a conversa rumou para o âmbito pessoal. Além de ser um momento no qual várias meninas revelam situações ruins pelas quais passaram, muitas acabam tocando em um ponto delicado: o ambiente familiar. O que fazer quando o preconceito e o machismo estão dentro de casa? O que fazer quando os próprios pais e mães condenam as roupas, culpam as vítimas, reprimem suas filhas e as tratam diferente de seus filhos? Infelizmente, tudo isso é muito comum. Enquanto nossa sociedade não muda, a Frente Feminista Casperiana Lisandra continua propondo reflexões.


Bastante gente participando da reunião, contando casos e reclamando dessa
cultura do "fiu-fiu" / Foto: Marina Braga



Textos de base para a reunião:

http://blogueirasfeministas.com/2013/10/sorria-princesa-palavras-que-nenhuma-mulher-que-ouvir/

http://thinkolga.com/chega-de-fiu-fiu/

http://thinkolga.com/2013/09/09/chega-de-fiu-fiu-resultado-da-pesquisa/



Imagem retirada da página no Facebook "Feminismo sem
demagogia"

quinta-feira, 20 de março de 2014

Questão Trans*

Arte: Camila Araújo
A primeira reunião em conjunto da Frente Feminista Lisandra com a Frente LGBT+ Casperiana aconteceu no dia  20 de março, tendo como tema a Questão Trans* e sendo mediada por Marina Garcia e Letícia Dias.
Iniciamos a reunião tratando das distinções entre sexo biológico, expressão de gênero, identidade de gênero e orientação sexual. O debate seguiu com dúvidas principalmente relacionadas a percepção do indivíduo enquanto sujeito trans*, em seguida  caminhou para a invisibilidade social pela qual esta pessoa passa. Foram enumeradas as infinitas dificuldades relacionadas a vivência cotidiana e a própria violência que a comunidade trans* sofre, como a utilização do banheiro e as dificuldades em conseguir usar o nome social em ambientes de trabalho.
As complexidades do tema sendo debatidas em frente ao CAVH, na Cásper
Foto: Marina Braga
Ainda na discussão inicial sobre identidade de gênero e expressão de gênero foram destacadas as amarras sociais impostas a cada indivíduo. Socialmente é esperado de cada pessoa, de acordo com seu sexo biológico, uma série de comportamentos pré estabelecidos sendo desta forma necessário para atingir a livre expressão de qualquer forma de gênero e sexualidade o rompimento com este sistema.

O esqueminha trazido pela Marina Garcia para
explicar melhor as nomenclaturas e
definições / Foto: Marina Braga

Com a maioria das dúvidas mais básicas esclarecidas, tentamos contextualizar a questão dentro do feminismo. Refletimos se o destaque dado a mulheres trans* dentro do feminismo e a invisibilidade dos homens trans* tem a ver com o gênero como elxs foram socializadxs até a transição. Também falamos sobre os conflitos entre certas correntes do feminismo (principalmente o feminismo radical) e pessoas trans*.

Exploramos a origem desses conflitos, as motivações por trás das ações de cada grupo, e procuramos quebrar preconceitos e entender essas relações de um ponto de vista neutro, para que cada pessoa pudesse fazer sua própria reflexão e estimular o estudo próprio sobre o assunto.







*Links:







quinta-feira, 13 de março de 2014

Lesbofobia e Bifobia; o Universo Não Hétero

Foto retirada do site http://jandirainbow.wordpress.com/ / Arte: Camila Araújo
      Na reunião de hoje, contamos com a mediação de uma pessoa de fora do Grupo de Ação da Lisandra: além da integrante Marina Braga, Maria Eugênia Holtz também tomou a frente do debate para discutir a questão da Lesbofobia e da bifobia.
     Presentes em nosso cotidiano, esses preconceitos são explicitados por quebrarem a estrutura social heteronormativa, que parece tão natural aos olhos de quem toma para si certos signos culturais, como o de que é o corpo que serve como premissa para nossas relações sexuais. Isso é, nasceu com um pênis: é menino e sentirá atração por meninas; nasceu com uma vagina: é menina e sentirá atração por meninos.
     Segundo a filósofa Judith Butler, é necessário que essa ordem compulsória se subverta, desmontando a obrigatoriedade entre sexo, gênero e desejo: “o gênero não deve ser meramente concebido como a inscrição cultural de significado num sexo previamente dado (...) tem de designar também o aparato mesmo de produção mediante o qual os próprios sexos são estabelecidos” (trecho retirado da obra de Butler Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade, de 2010 – p. 25).
     Ao longo da reunião, vários apontamentos foram feitos em relação a essas fobias (existentes em função da cultura da heteronormatividade). Sobre o lesbianismo é comum que a gente ouça e leia por aí, que ele só exista porque “essas mulheres ainda não encontraram o ‘macho-alfa’, o ‘pinto-salvador’” ou qualquer outra denominação que coloque o homem como salvador.
     Não! Mulheres não são obrigadas a cultuar símbolos fálicos! E....sim: sexo sem penetração também é sexo.
     Infelizmente, como explicado acima, a aceitação dessas condições por uma sociedade patriarcal é muito difícil. E o maior (e pior) exemplo disso são os “estupros corretivos”: mulheres que se assumem lésbicas podem sofrer com esse tipo de atitude desumana, que explicita a ofensa pessoal de um homem em não ser capaz de satisfazer uma mulher.
     A mídia colabora muito com a lesbofobia. É o desejo do homem que está em jogo. A indústria de revistas (inclusive femininas), por exemplo, compactua por colaborar (e colabora por compactuar) com a cultura heteronormativa, objetificando as mulheres. Assim também acontece com a publicidade, a mídia televisiva e radiofônica.
     Outra indústria que incentiva (e muito) a lógica de que “homens que transam entre si são gays e mulheres que transam entre si são mal-amadas” é a pornográfica. O filme Azul é a Cor Mais Quente é a melhor quebra dessa exposição machista do sexo entre mulheres. Em filmes pornôs, mulheres só estão lá para satisfazer o homem que as assiste, então, em uma nova lógica totalmente nonsense, as atrizes possuem unhas enormes e fazem performances que não condizem com o que realmente acontece entre lésbicas, pois se trata de fetiche. Isso mesmo. Mulher foi feita para dar prazer ao homem, portanto, mesmo quando não transa com o homem, também deve satisfazê-lo). Vide reação de lésbicas ao assistir pornô lésbico (vídeo acima).

     Em relação à bifobia, argumentos sem fundamentos são dados para tentar explicar esse “triste fenômeno que envolve homens e mulheres”. Uma pesquisa do Datafolha em 2009 apontou que mais de 5 milhões de pessoas no Brasil são bissexuais. Essas pessoas vão definitivamente contra o maniqueísmo que a sociedade também defende com unhas e dentes: ou você é hetero ou é gay/lésbica. Essa indecisão não pode existir. É muita promiscuidade. Ou você está claramente apenas passando por uma fase.
     É tão comum ouvir que “quem se declara/assume bissexual está tentando escapar da homofobia!” Uma pessoa bissexual encara muitas dificuldades quando “se descobre”. Acontece que rótulos/definições/nomenclaturas sempre são dadas às pessoas e a confusão na pequena cabeça da sociedade começa quando alguém que é taxado de lésbica passa a ficar com homens também. E a pressão é tamanha, que a própria pessoa se questiona: “estava eu mentindo para mim mesmx?” Não! Não estava! É normal ser capaz de se relacionar com ambos os sexos.
     É normal se relacionar com seres humanos. O pansexualismo também é esquecido nessas horas e recebe as piores falácias, já que “são pessoas que transam com árvores”
     Oi?
     Umx pansexual é atraídx por todos os gêneros, isso é, sua atração sexual vai além dos gêneros “convencionais”: trans* e  genderqueer. Voltamos, então, genitalização das definições.   
     Por fim, o debate voltou as questões ligadas ao filme Azul é a Cor Mais Quente, como as polêmicas cenas de sexo e as interpretações ligadas as sexualidades da Adèle e Emma.

Reunião bombou de novo e o debate foi muito legal! / Foto: Marina Braga


       *Links:


domingo, 9 de março de 2014

Reunião mensal - Março

No dia  seguinte ao 8 de março, domingo, nos encontramos no Parque Ibirapuera para rever as questões discutidas durante o mês de fevereiro. Apesar de o sábado ter sido de luta, desde o ato até nossa participação nas ações da Casa de Lua, nossa primeira reunião mensal de 2014 foi proveitosa.
Em frente à Oca, no Ibirapuera, uma roda de discussão sobre os temas de
fevereiro / Foto: Letícia Dias
Nossa primeira pauta foi retornar às reflexões impulsionadas pelas ações machistas que ocorreram no trote e falamos sobre machismo no ambiente universitário. Falamos sobre as ações das Atléticas de cada faculdade, através de festas e jogos universitários. Além disso, destacamos que as universidades, inseridas na nossa sociedade patriarcal, refletem as relações de opressão estruturais como qualquer outra instituição. Como não poderia deixar de ser, falamos da realidade
 casperiana, onde a maioria absoluta do corpo discente é feminino.

 O tema seguinte, no entanto, acabou concentrando o resto da reunião: culpabilização da vítima. Assunto delicado, contextualizamos a formação desse mecanismo ainda na infância e sua influência cada vez mais nociva nas nossas vidas e decisões. Conversamos sobre casos isolados de abuso e estupro que, infelizmente, ainda refletem um padrão. 

sábado, 8 de março de 2014

8 de Março - Dia internacional da mulher

Há quem diga que lutar pelo feminismo é ultrapassado, alegando que as mulheres já conquistaram tudo o que “precisavam”. Mas não foi isso que as maisde sete mil mulheres em marcha no último dia 8 de março mostraram para asociedade. Munidas de instrumentos de percussão, microfones, carros de som, cartazes e suas vozes marcharam da Avenida Paulista à Praça Roosevelt, pintando de roxo a atmosfera de São Paulo em mais um Dia internacional de Luta das Mulheres.

Lisandra na marcha do 8 de março
A Frente Feminista Casperiana Lisandra estava presente na marcha. Fomos vestidas com cartazes coloridos com dizeres como: “Meu corpo não é um convite”, “Lugar de mulher é onde ela quiser”. Foi extremamente emocionante ver desde crianças, jovens e senhoras, até homens apoiadores da causa lutando pelo feminismo. Pois, são em momentos como esse que percebemos que as conversas que temos dentro da faculdade não são solitárias, não lutamos por uma causa tão importante e difícil sozinhxs, temos miliares de companheirxs na luta conosco.

Após a chegada na Praça Roosevelt partimos para o nosso compromisso na Casa De Lua, local onde aconteceram, neste 8 de março, várias rodas de discussões em torno do tema ‘mulher’. A roda a qual fomos convidadas para endossar foi sobre feminismo na universidade contra o trote machista. Lá encontramos colegas do coletivo Chute da ESPM, Frente Perspectiva do Mackenzie, Coletivo 3 Rosas da PUC, entre outras pessoas. Foi uma experiência riquíssima, todxs expondo com muito respeito seu ponto de vista sobre o assunto, dividindo experiências e discutindo.

Créditos da imagem: DCE da Universidade Federal de
Rondônia / Arte por Camila Araújo

Links:

  • https://www.facebook.com/MovimentoOitoDeMarco



  • https://www.facebook.com/events/225759327615867/


  • https://www.facebook.com/events/780306201980697/


  • https://www.facebook.com/events/677355438970138/


  • https://www.facebook.com/events/218313551692579/