sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Gordofobia

Em maio um dos temas discutido em reunião foi “Padrões de Beleza”, em agosto o assunto foi aprofundado e a gordofobia, ou lipofobia, foi abordada. A medição ficou por conta de Giulia Araujo.
Na Grécia Antiga havia um culto ao belo corpo, as estátuas sobreviventes exibem um porte atlético e simétrico. Apesar disso não se pode afirmar que o corpo sarado era um ideal imposto, por exemplo, para Platão (pensamento exposto no diálogo intitulado Fedro) o belo independe do físico, ele é autônomo. Por vezes acontece do material acidentalmente manifestar beleza, mas isto é apenas uma falsa cópia.
Já na Idade Média, a gordura passa a ser vista de forma positiva. Sociedades subnutridas tendem admirar a obesidade. Quando todos passam fome, excesso de tecido adiposo é sinal de riqueza e beleza. Inclusive no livro O Grande Massacre de Gatos e Outros Episódios da História Cultural Francesa, Robert Darnton ao analisar o conto maravilhoso La Petite Annette – história similar à da Cinderela – relata que quando Annette principia a engordar, concomitantemente ela passa a adquirir beleza também.
Na virada do século XIX para o XX, no Brasil e no mundo o culto à boa forma começa a se expandir. Difusão de esportes, férias remuneradas, banhos de mar, roupas mais curtas e justas, uma mentalidade higienista e o império hollywoodiano são alguns dos fatores que contribuem para o início da ditadura da magreza.
Analisou-se o pensamento de dois autores sobre o assunto. Para Naomi Wolf, além dos interesses da indústria dietética, a ditadura da magreza se mantem como uma forma de opressão encontrada pelo machismo (mais detalhes em O Mito da Beleza). Já Gilles Lipovestsky, apesar de concordar sobre o interesse industrial em uma política da magreza, diz que a magreza foi uma forma que a mulher encontrou para negar sua feminilidade – principalmente com a onda andrógena dos anos 70 – e se autoafirmar (pensamentoA Terceira Mulher).
exposto no livro
Por que xingar de 'viado' ou de 'preto' é mal visto hoje em dia, mas a expressão "fazer gordisse" ainda é considerada engraçada? / Foto: Marina Braga
A partir de então se discutiu as pressões sociais que as mulheres da reunião enfrentavam para continuarem magras e, com o apoio do texto Como é ser gorda, foi debatido o quanto a sociedade é excludente quando se trata de obesos.
Uma das conclusões que os participantes chegaram é que a opressão da magreza incide muito mais na mulher do que no homem. Enquanto dietas é um tema constante nas revistas femininas, nas masculinas pouco se fala sobre cuidados com o peso. Também há uma descriminação no sentido de se achar que homens cm barriga são trabalhadores e esorçados enquanto as mulheres com sobrepeso são desleixadas.

Por fim foi abordada a expressão “fazer gordisse”. A expressão é extremamente preconceituosa e é o equivalente a “preto fazer pretisse”. Contudo “fazer gordisse” é usado a exaustão e sem reflexões. Na nossa sociedade, gordofobia não é nem caracterizado como um tipo de preconceito.