Foto retirada do site http:// |
Na reunião de hoje, contamos com a mediação de uma pessoa de
fora do Grupo de Ação da Lisandra: além da integrante Marina Braga, Maria
Eugênia Holtz também tomou a frente do debate para discutir a questão da
Lesbofobia e da bifobia.
Presentes em nosso cotidiano, esses preconceitos são
explicitados por quebrarem a estrutura social heteronormativa, que parece tão
natural aos olhos de quem toma para si certos signos culturais, como o de que é
o corpo que serve como premissa para nossas relações sexuais. Isso é, nasceu
com um pênis: é menino e sentirá atração por meninas; nasceu com uma vagina: é
menina e sentirá atração por meninos.
Segundo a filósofa Judith Butler, é necessário que essa
ordem compulsória se subverta, desmontando a obrigatoriedade entre sexo, gênero
e desejo: “o gênero não deve ser meramente concebido como a inscrição cultural
de significado num sexo previamente dado (...) tem de designar também o aparato
mesmo de produção mediante o qual os próprios sexos são estabelecidos” (trecho
retirado da obra de Butler Problemas de gênero: feminismo e subversão da
identidade, de 2010 – p. 25).
Ao longo da reunião, vários apontamentos foram feitos em
relação a essas fobias (existentes em função da cultura da
heteronormatividade). Sobre o lesbianismo é comum que a gente ouça e leia por
aí, que ele só exista porque “essas mulheres ainda não encontraram o
‘macho-alfa’, o ‘pinto-salvador’” ou qualquer outra denominação que coloque o
homem como salvador.
Não! Mulheres não são obrigadas a cultuar símbolos fálicos! E....sim:
sexo sem penetração também é sexo.
Infelizmente, como explicado acima, a aceitação dessas
condições por uma sociedade patriarcal é muito difícil. E o maior (e pior)
exemplo disso são os “estupros corretivos”: mulheres que se assumem lésbicas
podem sofrer com esse tipo de atitude desumana, que explicita a ofensa pessoal
de um homem em não ser capaz de satisfazer uma mulher.
A mídia colabora muito com a lesbofobia. É o desejo do homem
que está em jogo. A indústria de revistas (inclusive femininas), por exemplo, compactua
por colaborar (e colabora por compactuar) com a cultura heteronormativa,
objetificando as mulheres. Assim também acontece com a publicidade, a mídia
televisiva e radiofônica.
Em relação à bifobia, argumentos sem fundamentos são dados
para tentar explicar esse “triste fenômeno que envolve homens e mulheres”. Uma
pesquisa do Datafolha em 2009 apontou que mais de 5 milhões de pessoas no
Brasil são bissexuais. Essas pessoas vão definitivamente contra o maniqueísmo
que a sociedade também defende com unhas e dentes: ou você é hetero ou é
gay/lésbica. Essa indecisão não pode existir. É muita promiscuidade. Ou você
está claramente apenas passando por uma fase.
É tão comum ouvir que “quem se declara/assume bissexual está
tentando escapar da homofobia!” Uma pessoa bissexual encara muitas dificuldades
quando “se descobre”. Acontece que rótulos/definições/nomenclaturas sempre são
dadas às pessoas e a confusão na pequena cabeça da sociedade começa quando
alguém que é taxado de lésbica passa a ficar com homens também. E a pressão é
tamanha, que a própria pessoa se questiona: “estava eu mentindo para mim
mesmx?” Não! Não estava! É normal ser capaz de se relacionar com ambos os
sexos.
É normal se relacionar com seres humanos. O
pansexualismo também é esquecido nessas horas e recebe as piores falácias, já
que “são pessoas que transam com árvores”
Oi?
Umx pansexual é atraídx por todos os gêneros, isso é, sua
atração sexual vai além dos gêneros “convencionais”: trans* e genderqueer. Voltamos, então,
genitalização das definições.
Por fim, o debate voltou as questões ligadas ao filme Azul é a Cor Mais Quente, como as polêmicas cenas de sexo e as interpretações ligadas as sexualidades da Adèle e Emma.
Reunião bombou de novo e o debate foi muito legal! / Foto: Marina Braga |
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