quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Segundo Sexo: Fatos e Mitos - Simone de Beavouir


Esta quinta foi como um recomeço. Discutimos um texto muito popular em grupos feministas: “O segundo sexo”, de Simone de Beauvoir. Publicado em 1949 e considerado uma das obras mais influentes para o movimento feminista. No Brasil, foram publicados dois volumes. Dividimos a discussão em dois encontros. Nesta primeira falamos sobre o volume 1: "Fatos e mitos.

O volume faz uma reflexão sobre as questões que historicamente condicionaram o comportamento da mulher durante séculos - a dominação, submissão, mitos biológicos e a mulher do ponto de vista psicanalítico, que é muitas vezes ambíguo. Segundo Simone, a mulher não é fadada a sua biologia, ela é formada dentro de uma cultura patriarcal que define seu papel independente de sua vontade. A obra de Beauvoir nos inspira a despirmos nossos conceitos sobre a criação da mulher e seu jeito “naturalmente” construído.

 “Como as representações coletivas e, entre outros, os tipos sociais definem-se geralmente por pares de termos opostos, a ambivalência parecerá uma propriedade intrínseca do Eterno Feminino. A mãe santa tem como correlativo a madrasta cruel; a moça angélica, a virgem perversa: por isso ora se dirá que a Mãe é igual à Vida, ora que é igual à Morte, que toda virgem é puro espírito ou carne votada ao diabo. Não é evidentemente a realidade que dita à sociedade ou aos indivíduos a escolha entre os dois princípios opostos de unificação; em cada época, em cada caso, sociedade e indivíduos decidem de acordo com suas necessidades. Muitas vezes projetam no mito adotado as instituições e os valores a que estão apegados. Assim, o paternalismo, que reclama a mulher no lar, define-a como sentimento, interioridade e imanência; na realidade, todo existente é, ao mesmo tempo, imanência e transcendência; quando não lhe propõem um objetivo, quando o impedem de atingir algum, quando o frustram em sua vitória, sua transcendência cai inutilmente no passado, isto é, recai na imanência; é o destino da mulher, no patriarcado; não se trata, porém, da mesma vocação tal como a escravidão não é a vocação do escravo. Percebe-se claramente, em Comte, o desenvolvimento dessa mitologia. Identificar a Mulher ao Altruísmo é garantir ao homem direitos absolutos à sua dedicação, é impor às mulheres um dever-ser categórico.” O Segundo Sexo, volume único. São Paulo: Nova Fronteira, 2010, p. 345.

O segundo sexo não é um livro para buscar fontes de pesquisa histórica, ele é importante para discutir a questão da mulher independente de seu momento cronológico. Foi isso que fizemos na última reunião, conversando sobre temas atuais sob a temática exposta no livro por Simone. Falamos de infância, gravidez, casamento, cultura patriarcal, ou seja, temas atuais que foram muito bem definidos por Beauvoir há mais de 50 anos.

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